No segundo dia do IOL, as 53 delegações visitaram monumentos da capital federal e participaram de
City-tour olímpico em Brasília
As 53 delegações que estão em Brasília para a 21ª Olimpíada Internacional de Linguística (IOL) visitaram vários pontos turísticos da capital federal na última quinta-feira. Além das visitas, participaram de uma atividade com o Wikidata, e esta edição do evento trouxe, de forma inédita, um curso de capacitação para professores.
Sócrates Souto, de 17 anos, está participando da IOL pela primeira vez e descobriu sobre o evento na internet. "Eu sempre tive bastante interesse em estudar idiomas e, ao participar das olimpíadas de conhecimento no ano passado, descobri a IOL", comentou. Ele é de Curitiba (PR) e passou por várias etapas e provas até ser classificado como um dos estudantes brasileiros a representar o Brasil na Olimpíada Internacional em Brasília, que para ele é uma cidade bem diferente e muito própria.
Cada estudante recebeu um dialeto de algum país diferente para produzir um artigo em português para a Wikipédia. Depois de apresentar o artigo, as outras delegações de todos os lugares do mundo ajudaram a complementar o que era necessário e adicionaram diversos fonemas de cada língua. "Essa atividade permite que a gente tenha um conhecimento muito maior sobre as línguas ao redor do mundo."
Jacob Strömgård, 19 anos, é um dos membros da delegação da Suécia e participou de uma atividade em grupo para desvendar fonemas. Para ele, é muito gratificante participar de competições como a IOL. "É divertido resolver esses problemas e fazer todas essas atividades. É bom ter um resultado positivo nas provas, mas o mais importante é conhecer as pessoas que você nunca teria oportunidade de outra maneira.”
Arthur Corrêa e Souza, membro do comitê local da IOL, explicou que os alunos passaram a manhã de ontem editando dados de fonemas de diversas línguas no Wikidata, a maior base de dados livre no mundo do ecossistema Wikimedia. À tarde, os participantes fizeram uma tour pela cidade. “Cada atividade tem um intuito diferente. Esta foi pensada para eles conhecerem o que são as licenças livres e o que é o conhecimento livre”. Hoje, os 206 participantes farão a primeira prova individual, concorrendo às medalhas de ouro, prata, bronze e menção honrosa.
A IOL foi oficialmente aberta na última quarta-feira, trazendo várias inovações para a programação, incluindo o primeiro curso de capacitação para professores que começou no dia anterior à abertura. Um dos coordenadores do encontro de professores, Rodrigo Pinto Tiradentes, afirmou que “o objetivo é aproveitar a confluência das pessoas da Olimpíada Internacional e também dos professores que estão vindo para o evento, para que possam compartilhar os conhecimentos e experiências em relação ao ensino”. A próxima edição da IOL acontecerá em Taiwan e Rodrigo está animado para que isso se repita lá.
Cerca de 50 participantes do curso são do DF. Fernando Fidelix Nunes, professor de português da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) e de linguística da Universidade do Distrito Federal, participou desta primeira edição do curso e acredita que o DF pode se tornar um grande centro de estudos linguísticos por meio do trabalho com as atividades das olimpíadas. "Nós podemos trazer algumas destas questões para a sala de aula, até mesmo para desenvolver o raciocínio lógico dos estudantes em diversas práticas." O professor considera que isso vai ajudar os alunos a compreenderem o funcionamento das línguas de uma forma mais ampla, principalmente no que diz respeito ao léxico e à sintaxe.
A professora de francês do Centro Interescolar de Línguas (CIL) do Guará, Carla Cristina Campos, gostou muito da diversidade linguística do curso e citou a palestra sobre tradução, que pode ajudar bastante em sala de aula e na vida. “O que eu mais gostei foi que todas as palestras estavam bem direcionadas para poder aplicar dentro do nosso contexto. Eu até pensei em fazer uns jogos com os meus alunos mesmo, como se fosse uma pequena olimpíada.”
Para ela, atividades como as desenvolvidas na olimpíada trazem motivação para os alunos e professores. Como as aulas que ela ministra são em francês, Carla achou interessante o que foi abordado sobre o uso do tradutor. “Tem que mostrar para o aluno que ele precisa estar atento às diversidades da língua e que o contexto é importante.” Carla frisa que os alunos fazem uso do tradutor e o importante é não proibir, mas mostrar como usar esta ferramenta. “Precisamos dar sentido ao ensino e trazer coisas que eles estão usando hoje em dia.”