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Segundo Ministério da Saúde, o auge de contaminação pelo Aedes aegypti ainda está por vir

Pico da doença no DF é incerto

Com a alta da dengue no Distrito Federal e os 100.558 casos prováveis desde o início de 2024, o Ministério da Saúde afirma que é cedo para dizer quando a capital viverá o pico da doença. De acordo com a pasta, historicamente entre março e abril são esperados números mais elevados de contaminação pelo Aedes aegypti.

Em 2023, o pico de casos de dengue foi registrado na 15ª Semana Epidemiológica, em abril. Mas, segundo a Secretaria de Saúde do DF (SES), “qualquer estimativa de quando se dará o pico de casos vem com grande incerteza”. O cenário da capital é analisado diariamente pela pasta, visto que a epidemia deste ano apresenta-se fora dos padrões, tendo se iniciado de maneira mais precoce.

Os motivos que elevaram os casos para janeiro e fevereiro ainda não foram totalmente compreendidos, mas de acordo com a SES, um dos fatores pode ser a maior favorabilidade climática para o mosquito da dengue se desenvolver, além da circulação predominante do sorotipo 2 da doença, o qual em 2024 contou com mais pessoas susceptíveis a contrair este sorotipo.

“Não existem dados precisos referente a real taxa de susceptíveis na população para cada sorotipo. Por isso, ainda existem imprecisões naturais referentes em como se dará o comportamento do vetor nas próximas semanas, uma vez que o comportamento do vetor é influenciado tanto pelas variáveis climáticas como pelas ações de combate que vem sendo realizadas”, informou a SES.

Ainda segundo a pasta, nas semanas epidemiológicas seis e sete, deste ano houve uma redução nas notificações de casos de dengue, mas os dados de atendimento da semana oito indicam uma nova elevação. “É possível que parte da queda da semana seis e sete esteja relacionada ao feriado do Carnaval, o qual pode ter influenciado na menor procura dos cidadãos pelos serviços de saúde”, diz.

“Diferente das semanas seis e sete, a semana oito sugere que a transmissão ainda se mantém sustentada. O que podemos afirmar é que enquanto tivermos no período favorável à reprodução do vetor estaremos em risco para manutenção da epidemia na população e deveremos nos manter vigilantes e ativos nas ações de combate ao Aedes”, completou a pasta.

Momento de combate

Para o Ministério da Saúde, “o momento é de intensificar os cuidados e unir esforços de toda a sociedade e dos gestores públicos para prevenção da doença e eliminação dos focos da dengue. Essa é a principal forma de evitar transmissão e novos casos da doença”.

Conforme dados passados pelo Ministério ao Jornal de Brasília, desde 2023 a pasta monitora os casos de dengue em todo o Brasil e no DF. Além disso, coordena uma série de ações para o enfrentamento da doença. Dentre elas estão: o aumento do repasse em até R$ 1,5 bilhão para apoiar estados, municípios e a capital no combate ao Aedes aegypti.

Já a SES/DF foca nos atendimentos e eliminação dos focos de dengue na capital. A pasta já egistrou mais de 932 mil atendimentos de pacientes com dengue em 2024, sendo 652.175 na rede de 176 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nas tendas montadas junto a nove administrações regionais, além de 280.822 em emergências de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Segundo a pasta, apenas este ano, já houve 2.879 internações em leitos gerais, com tempo médio de dois dias e 14 horas para alta. As internações em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) chegaram a 214. Em relação às ações de combate ao mosquito da dengue já foram concluídas 889 ações dos carros de fumacê ao longo do ano de 2024. A campanha de vacinação registrou, até a última sexta-feira (23), a aplicação de 22.094 doses.

Mais produção de doses

A farmacêutica Takeda, responsável pela produção da vacina Qdenga, contra a dengue, anunciou na segunda-feira (26) uma parceria com a indústria indiana BE (Biological E. Limited) para ampliar a produção do seu imunizante.

A parceria estratégica tem como objetivo acelerar a produção de doses da Qdenga que serão disponibilizadas para países onde há uma epidemia de dengue até 2030. O acordo prevê a oferta apenas para Programas Nacionais de Imunização, como é o caso do acordo feito com o Ministério da Saúde. Segundo o comunicado, a BE tem capacidade de produção de até 50 milhões de doses da Qdenga por ano.

Com a parceria, a expectativa é que a produção conjunta chegue a até 100 milhões de doses por ano até 2030. Outras unidades envolvidas no processo de fabricação da Qdenga, como unidades da Takeda em Singen, na Alemanha, e da IDT Biologika, devem entrar na capacidade de produção total.

No comunicado, o presidente da Unidade Global de Comércio de Vacinas da Takeda, Gary Durbin, disse que a empresa tem um objetivo de longo prazo de tornar a sua vacina disponível amplamente para todos aqueles em risco de agravamento da doença. "Estamos orgulhosos de apresentar essa parceria com a BE, que é uma companhia com expertise na produção de vacinas e que tem dado apoio aos programas de saúde pública em todo o mundo", afirmou.

Casos

O Brasil vive atualmente uma epidemia de dengue sem precedentes. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país registra um total de 920.427 casos prováveis e 184 mortes, segundo atualização do Painel de Monitoramento das Arboviroses da segunda-feira (26).

A Qdenga foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e é aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em alguns municípios com risco crítico da doença, conforme critérios definidos pelo Ministério da Saúde. Isto ocorre porque o quantitativo de doses disponibilizado pela farmacêutica para 2024, de 5 milhões de doses, é muito baixo. Por essa razão, a pasta se alinhou com a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) de incluir apenas a faixa etária que tem maior risco de hospitalização pelo vírus.

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