Flávio Dino rebate críticas e enfatiza independência da Polícia Federal em investigações recentes
Dino nega uso político da PF
Em sua última coletiva de imprensa como ministro da Justiça, o futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, rebateu críticas sobre possível influência do governo em investigações que miram parlamentares da oposição.
A declaração ocorreu após operações da corporação no âmbito do inquérito que investiga o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), então sob o comando de Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. Na segunda-feira, o alvo foi o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Sobre a Abin, os indícios e as denúncias surgiram agora, ontem, anteontem? Foi a PF que inventou, mês passado? Não. Os senhores e as senhoras (jornalistas) publicaram há três anos. O que a PF vai fazer? Fingir que não viu? Denúncias de três anos atrás sobre o uso de equipamento da Abin”, enfatizou. “Não se investiga com base em prova de jornal, mas se tem indício, tem denúncia, tem inquérito, é dever investigar. Assim como eu não disse para a Polícia Federal ‘faça’, eu também não disse para ela prevaricar, deixar de cumprir o seu dever”, completou.
Perguntado sobre acusações referentes a um suposto uso da PF para “revanchismo político” no caso da Abin, o ministro afirmou que a instituição não inventa investigações, já que mandados de busca e apreensão são cumpridos com base em indícios e determinados por membros do Poder Judiciário. O futuro ministro do STF se mostrou irritado com as críticas e afirmou que nunca recebeu pedidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito da atuação da PF.
“Eu afirmo cabalmente que, nesses 13 meses (em que comandou a pasta), o presidente da República nunca me pediu nada, nem para investigar nem para deixar de investigar. Nenhum ministro de Estado, nenhum, se dirigiu a mim para me pedir qualquer coisa. Nunca houve interferência de autoridade do governo na autonomia técnica da Polícia Federal”, ressaltou.