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Criada em 2001, a iniciativa visa aproximar a população da polícia, além de ensinar defesa pessoal

PMDF oferece aulas de jiu-jitsu

A academia deJiu-Jitsu Dois de Ouro, comandada pelo 2ª Bata lhão da Polícia Militar do Dis trito Federal (PMDF), em Taguatin ga, oferece aulas de graça de jiu-jitsu para a população emgeral. O proje to social visa aproximar a corpora ção da comunidade, além, é claro, de estimular a prática de esportes entre adultos e crianças. Criada em 2001, a iniciativa também ajuda mulheres a se defenderem e evita rem violência doméstica.

Para o 2º tenente, Felipe Alves, os 23 anos de história do projeto so cial de jiu-jitsu mostra a importân cia da ação para aproximar as pes soas da PMDF: “A parte mais impor tante desse projeto é, principal mente, a quebra de paradigmas. A população muitas vezes têm um afastamento errôneo com a PMDF e o projeto traz aproximação entre a corporação e a comunidade. Às vezes a pessoa está umpouco perdida na vida, então esse proje to não é só um meiodepreven ção primária, ele é mais amplo e acaba dando horizontes novos as pessoas que participam e aos próprios pais”.

A 3º sargento Amanda Dias, era aluna da academia desde 2014 e em 2022, virou treinadora de jiu-jitsu no local. Em todos esses anos, a po licial vivenciou os impactos positi vos do projeto: “Nós atraímos bas tante a comunidade em geral, e acaba que às vezes recebemos in formações de ponto de tráficos ou de crimes por parte dos próprios moradores. Além disso, ocorre a di minuição de crimes na região por que quando acolhemos um alunos muitas vezes estamos tirando ele do crime e trazendo para dentro da corporação”.

A treinadora também falou sobre a importância das aulas para defesa pessoal de mulheres que são víti mas de violência doméstica: “Nó s fazemos o trabalho de defesa pes soal feminina, mas sempre lem brando que a defesa pessoal é sem pre uma janela de fuga. Nós não de vemos buscaro embatedireto, mas as alunas são capacitadas para se defenderem de alguma violência iminente. Ensinamos elas a terem essa confiança de fugir do cenário de violência. Além do mais, capaci tamos as policiais femininas e as bombeiras nessa defesa pessoal”.

“Muitos pais de meninas procu ramasturmas kids de jiu-jitsu no sentido da defesa pessoal. Com as aulas nós vemos que as meninas adquirem mais autoconfiança, melhorama autoestima, e até a questão de se impor. Eu acredito que seja muito importante as me ninas aprenderem desde nova a defesa pessoal. Para crianças, no ge ral, meninos e meninas, o jiu-jitsu traz a questão de confiança, intera ção social e mobilidade, sem falar na parte física e de saúde que me lhora bastante. É um ganho no to do, tanto físico como psicológico”, completou a policial.

SERVIÇO

•Para se inscrever nos treinos de jiu-jitsu as pessoas podem entrar em contato pelo e-mail: 2 b p m @ p m .d f. gov. b r ou telefone: (61) 3190-0242. Novas inscrições são abertas a cada início de semestre, conforme disponibilidade de vagas. A previsão é de que em agosto surjam novas vagas.

Disciplina

As turmas de jiu-jitsu na acade mia são divididas em treinos adul tos e kids. Crianças de seis a 13 anos participam das aulas infantis, aci ma de 14 anos das turmas de adul tos. O espaço também atende alu nos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositor De safiador (TOD). “Nós temos bastan te alunos neurodivergentes, trabalhamos com alunos com autismo, TDAHe TOD. Fazemos esse acolhi mento com um trabalho indivi dualizado com esses alunos, e eles estão respondendo de uma forma bastante positiva. É muito interes sante ver o desenvolvimento deles no grupo também”, explicou a 3º sargento, Dias.

Para Isaac Augustus, de nove anos, que tem autismo e treina na academia há quatro anos, as aulas são um encanto: “Eu gosto muito de rolar no jiu-jitsu, é incrível, você sente aquela vitória quando ganha. Ojiu-jitsu também ensina você a perder e ganhar”. Para a mãe de Is sac, Joselma Viana, 45 anos, o proje to entrou na vida da criança em um ótimo momento: “O projeto foi uma virada de chave na vida do Isaac, ele chegou aqui com proble ma de socialização e de obedecer ordens, mas com as aulas ele pas sou a obedecer às regras e começou a se socializar melhor com outras crianças e aceitar perder porque ele ficava muito nervoso no começo”.

Júnio César de 12 anos, treina há três anos na academia e já sonha em seguir carreira profissional e ganhar muitas medalhas: “Eu gos to muito do jiu-jitsu porque ele aju da muitona mentalidade e nofísi co. Também é uma coisa que me lhora a nossa disciplina. Penso em seguir carreira profissional e ga nhar muitas medalhas”. O jiu-jitsu trouxe grandes ganhos para Júnio,

comocomentou sua mãe, Vi viamRocha, 38anos:“Ele era muito tímido e desatento, mas com as aulas perdeu a timidez e ficou mais atento porque não trabalham somente a questão de defesa nas aulas, mas também a atenção, respeito e disciplina”.

Um brilho nos olhos da pequena Maria Cecília, de 12 anos, surge quando ela fala do jiu-jitsu: “Eu es tou aqui no jiu-jitsu há três anos, e as aulas me ensinaram muito a questão escolar e disciplinar e tam bém melhorou meu sistema físico e mental. O jiu-jitsu me ensina a ter responsabilidade e respeito com as pessoas. A arte marcial é uma coisa que eu amo, tem apenas três anos, mas é uma coisa que eu não quero largar nunca mais”.

A vendedora Viviane Braz, 40 anos, mãe de Beatriz dos Santos, oi to anos e Davi dos Santos, cinco anos, falou da importância das au las para os filhos, principalmente para Beatriz, no sentido da defesa pessoal: “Menina hoje em dia tem que aprender a se defender porque no mundo que vivemos se ela não aprender a se defender já era. A Beatriz está se saindo muito bem e já ganhouaté umcartão verde[da do nos treinos para os melhores alunos do dia]. Eles estão amando as aulas e querem ficar até apren der a lutar e se defenderem”.

O Jornal de Brasília p art ic ip ou de um treino kids e notou a presen ça ativa dos pais no treino. A maio ria dos responsáveis aguardam a aula terminar dentro da academia, eles incentivam e até filmam os fi lhos. Em alguns casos, os pais tor nam-se alunos também, como foi o caso do bancário, Alessandro Car valho, 45 anos: “O meu filho, Ar thur está no projeto há uns três anos, e eu sempre observando ele sentia aquela vontade de partici par também. O professor sempre me convidava para participar da turma de adultos e, agora, já faz um ano que entrei no projeto tam bém. Eu estava sedentário e estou praticando exercício e gostando bastante pelo fato de melhorar a minha qualidade de vida”.

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