
Diversas cidades do mundo discutem até quinta em Brasília o descarte consciente de resíduos
Desenvolvimento sustentável
Inicia hoje em Brasília a terceira edição do Congresso Internacio nal Cidades Lixo Zero, que discu te as boas práticas, a boa adminis tração e o reuso eficiente de resí duos sólidos, recicláveis ou orgâni cos, ao redor do globo. O evento é gratuito e acontecerá até quin ta-feira no Museu Nacional da Re pública com o tema: “Acordo Social- Um CaminhoparaTransformar Cidades”.
Imitando o modelo do Museu Nacional em forma côncava, ou tras três ocas serão replicadas, cada uma com uma representação que envolve o tema da Ecologia. As ten das ao redor do Museu, então, se rão a oca pelo social, a oca pela eco nomia e o setor de tecnologia, e a oca pela governança. A cúpula maior, o Museu Nacional, será a oca pelo acordo social e ambiental, re presentando a ecologia.
De acordo com Kadmo Côrtes, vi ce-presidente do Instituto Lixo Zero Brasil e diretor-geral do congresso, as quatro ocas vão formar o ESG do evento, isto é, a representação da pauta ambiental, social e de gover nança (Environmental, social, and governance, em inglês). “Entende mos que Brasília é o hub [espécie de centralizador] do país, porque é aqui que as políticas públicas são feitas a partir do governo federal. E o Cidades Lixo Zero trará pessoas do mundo inteiro”, destacou.’
Neste ano, haverá a participação de representantes de cidades de se te a dez mil habitantes de diferen tes países que conseguiram des viar de aterros sanitários e de inci neradoras aproximadamente 70?0? tudo aquilo que produ zem no dia a dia. Também há exem plos de cidades com mais de um milhão de habitantes que também dão o mesmo exemplo. A expectati va de público é de três mil pessoas por dia para discutir as temáticas em questão.
Entre os destaques que partici parão do congresso, Kadmoindica a cidade de Kamikatsu, do Japão, que tem se desenvolvido e sido exemplo no redirecionamento de resíduos sólidos gerados pela po pulação. Também haverá a partici pação da empresa Recology, a maior cooperativa do mundo, que cuida de toda a gestão de resíduos sólidos de São Francisco e da Baía de São Francisco na Califórnia, nos Estados Unidos.
“[As cidades e empresas] estarão mostrando como conseguiram atingir essa excelência de serviço, e mostrando também umbomins trumento para podermos capaci tar as cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis”, acrescentou.
De acordo com o diretor-geral do congresso, atualmente os catado res vivem apenas da venda de ma teriais recicláveis, quando o mode lo de prestação de serviços ambientais podem ter remuneração maior e fazer com que as coopera tivas também tenham sustento pa ra se manter e ambos crescerem comeficiência, como funciona em outras regiões do mundo.
O que é Lixo Zero
De acordo com o diretor-geral, o conceito do Lixo Zero “é uma meta ética, econômica, eficiente e visio ná ri a” para guiar as pessoas a evi tar os processos já habituais de se paração dos resíduos sólidos.
A expectativa é que haja uma conscientização na população, “de forma que os materiais quando chegam a umaobsolescência, eles possam ser reinseridos na cadeia produtiva para geração de empre go e renda.”
Os ambientes Lixo Zero, portan to, são contextos sociais e empresa riais desenvolvidos com a mentali dade ecológica de produção míni maderesíduos para os aterros sa nitários, mas sim com um redirecionamento para a reutilização. Tais contextos passam a inspirar outros a fazer o mesmo, conforme defende o diretor.
“Dentro dessa linha de raciocí nio, se existe uma padaria com po lítica de Lixo Zero, que não forme li xo, mas que dê encaminhamento adequado a cada uma das frações em especial a orgânica, com restos de alimentos e podas de jardim –, isso volta para a natureza por meio da compostagem para trabalhar na regeneração do solo também. Serve como adubo para plantar um novo alimento”, destacou Kad mo Côrtes.
A lógica, portanto, é que a pada ria exemplificada irá inspirar uma outra, que, por sua vez, também irá inspirar outros comércios, como sapatarias, hoteis, e assim por dian te emcadeia. “E vão se formando redes eambientes emumacidade, até que ela como um todo esteja to mandoessaforma inovadoradeli dar com o quecheganaobsoles cência e que precisamos dar um encaminhamento adequado. Pre cisamos sair desse modelo conven cional que a gente tem e usa desde a época das cavernas”, disse.
Capital limpa
De acordo com Kadmo, Brasília tem se desenvolvido ao longo dos anos, buscando se adequar às políti cas públicas ambientais desde que tomou a decisão de fechar o lixão da Estrutural. Para ele, porém, em um plano geral, ainda há um longo ca minho a ser percorrido para atingir a meta de Lixo Zero na capital.
“Precisamos adequar a nossa educação, a estrutura que o gover no tem para poder recepcionar es ses materiais e a própria aplicação das leis, como a do grande gera d or ”, destacou. A legislação em questão é a Lei nº 5.610/2016, que dispõe da responsabilidade dos grandes geradores de resíduos só lidos no gerenciamento do descar te correto do lixo produzido.