Quatro andares do prédio no Setor de Autarquias Sul foram tomados pelas chamas, mas não houve vítima
Fogo atinge sede da OAB nacional
Chamas, muita fumaça, resgate de helicóptero e tensão: esse cenário alterou a calmaria da manhã de ontem, no Setor de Autarquias Sul, que abriga o edifício-sede do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), atingido por um incêndio. Ao todo, cinco pessoas tiveram que buscar socorros, após o acidente que teve início no terceiro andar do prédio. Efetivamente, quatro andares foram atingidos pelo fogo, não sendo confirmada a propagação para outros andares.
Quem viu de fora teve a impressão de que, devido à grande concentração de fumaça, tudo ocorria na cobertura do prédio, mas não chegaram até lá os danos no prédio. Foram acionados o Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil e da Polícia Militar. Pelo terraço, dois funcionários, que prestavam serviço de manutenção, ficaram receosos de descer, tendo sido resgatados por helicóptero da Polícia Civil. Um brigadista acionou os Bombeiros, depois de iniciais tentativas de contenção. Em dias normais, mais de 200 funcionários circulam pelo prédio.
Administrador do edifício há 21 anos, Evandro Vitorino contou que há uma obra em andamento no terceiro andar, justo o local que abriga o plenário da entidade. “A área, no fim de semana, é deserta; por sorte, sem grande movimentação de gente e carros. Sem a conclusão do trabalho feito pelos bombeiros, determinar causas seria precipitado”, comentou Vitorino, que descartou uma das hipóteses na origem do fogo: “Nossos geradores de energia são novos”, destacou. Entre as pessoas atendidas, que se mostravam conscientes e orientadas, estava o técnico em manutenção Werbert Silveira, 59 anos. Ele foi levado para o Hran, na ambulância do Samu.
No socorro, 40 bombeiros militares estavam na operação que usou 10 viaturas. “Em aproximadamente 15 minutos, o fogo estava contido. O controle de manutenção da edificação estava ajustado: sprinklers funcionaram, há escadas acessíveis, controle e a prevenção de incêndio estavam em dia”, pontuou, no local, o tenente J. Nascimento, do Corpo de Bombeiros. Entre os feridos, ele destacou que um “teve queimaduras nos pés, ao tentar apagar o fogo sem os equipamentos necessários”. Não houve comprometimento da estrutura do prédio.
“Táticas e técnicas para conter chamas evitaram que o fogo se alastrasse. Por terem inalado fumaça, não houve óbito e não temos vítimas em gravidade. Na operação, houve retirada de algumas janelas, a fim de garantir melhor visualização. A Defesa Civil determinou restrições de circulação nos arredores do prédio. Em até 30 dias, a perícia, a cargo da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, estará concluída. Entre as hipóteses a serem apuradas: curto-circuito, manutenção realizada de modo inadequado e vazamento de gás.
Ministra do STJ
Daniela Teixeira, ministra do Superior Tribunal de Justiça, foi até o local tão logo viu fotos do prédio em chamas. “Vim correndo, com o coração na boca. O Conselho Federal da OAB é a instituição mais respeitada e democrática do Brasil, é a minha casa: o meu sangue sempre será OAB positivo. Trabalhei aqui por 18 anos, fui conselheira federal em duas oportunidades. Senti a dor de minha casa estar pegando fogo”, contou ela ao Correio. O alívio de Daniela Teixeira veio em constatar que não ocorreu uma tragédia. “Conheço cada um dos funcionários — do porteiro ao presidente. A minha vida toda foi aqui. Graças aos bombeiros, não há feridos com mais gravidade”,
observou. Segundo a ministra, “a grandeza da advocacia brasileira”, prontamente, recuperará questões de prejuízos financeiros. “Tenho bastante convicção de que não houve prejuízo na perda de dados”, reforçou a ministra do STJ.
“Temos grande integração da advocacia do Brasil representada pelos nossos presidentes das seccionais e pelos conselheiros federais — todos unidos pela mesma causa, na mesma luta, no sentido de restaurar o prédio”, avaliou o presidente nacional da OAB Beto Simonetti, que também foi ao local acompanhar a operação para debelar o incêndio. A declaração veio depois de confirmar que vidas foram salvaguardadas “e que as pessoas passam bem no momento”. Apurar as origens do incêndio será o passo seguinte. “Há suposições de que (a origem) tenha sido no terceiro andar, que está em reforma, e onde funciona o pleno da OAB.
Ainda não temos noção dos prejuízos físicos trazidos pelo incêndio”, comentou.
Os indícios de outra origem para o fogo, no subsolo do prédio, onde está instalada a central de ar-condicionado, são menos prováveis. “Seremos informados pelo Corpo de Bombeiros, tão logo tenham esta informação (de onde começou)”, comentou Simonetti. “O fogo tomou conta da maior e mais simbólica estrutura da advocacia do Brasil — isso machuca todos nós, vamos nos reunir e reerguer o nosso prédio. Aqui, se concentram todas as informações da advocacia do Brasil”, destacou o presidente. Quanto a possíveis perdas de dados, Beto emendou certo alívio: “Provavelmente não (foi afetado). Temos todo o acervo do conselho do DF digitalizado e arquivado em nuvens, então, certamente, teremos nossos dados preservados. Estamos atrás de saber quanto tempo se levará para restaurar tudo”.
O fogo tomou conta da maior e mais simbólica estrutura da advocacia do Brasil — isso machuca todos nós, vamos reerguer o nosso prédio. Aqui, se concentram todas as informações da advocacia do Brasil”