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Estudo prevê impactos irreversíveis na Amazônia até 2050 enquanto violência relacionada ao garimpo p

Floresta no caminho da destruição irreversível

Quase metade da Floresta Amazônica pode estar exposta a fatores de degradação que levariam ao chamado ponto de não retorno até 2050. É o que mostra um estudo publicado na revista científica Nature, ontem. Ao atingir essa marca, segundo os pesquisadores, a Amazônia passaria por transformações significativas, com implicações para a biodiversidade e alteração na disponibilidade de recursos.

O levantamento mapeou quais são os principais fatores de estresse e como os diferentes tipos de degradação ao bioma interagem entre si. Com base nesses dados, o estudo feito por Bernardo Flores e Marina Hirota, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), estima que entre 10?7?Floresta Amazônica estarão expostos a ameaças graves nos próximos 26 anos.

Com base em revisões de artigos e modelagens estatísticas, os principais fatores de estresse na Amazônia são o aumento na temperatura média global acima de 1,5ºC; o volume de chuvas abaixo de 1.800mm; a duração da estação seca superior a cinco meses; e o desmatamento superior a 10?cobertura original da floresta, somada à falta de restauração de, pelo menos, 5% do bioma.

Os cientistas afirmam que, nas últimas décadas, a Amazônia começou a enfrentar uma “pressão sem precedentes”, resultado de alterações climáticas e de uso do solo. Essas ações enfraquecem os mecanismos que garantem a chamada “resiliência” da floresta.

Entre as possíveis consequências, está a aceleração do aquecimento global. “O ponto de não retorno é isso: um ponto a partir do qual o sistema se retroalimenta numa aceleração de perda de florestas, e perdemos o controle”, explicou Flores, em declaração divulgada pelo Instituto Serrapilheira, que financiou o estudo

A pesquisa contou com colaboradores do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos. “Estamos nos aproximando de todos os limiares. No ritmo em que estamos, todos serão alcançados neste século. E a interação entre todos eles pode fazer com que aconteça antes do esperado”, reforça Flores.

Resiliência

Segundo os autores do estudo, para preservar a resiliência da floresta é necessária uma abordagem combinada. Eles ressaltaram que isso inclui esforços locais para deter o desmatamento e promover a restauração da cobertura vegetal, além de iniciativas globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas.

O estudo destaca três tipos principais de trajetórias, as quais incluem regiões de florestas degradadas, savanas de areia branca e áreas não florestais degradadas — o que aumenta o risco de incêndios

“Em alguns casos, a floresta pode se recuperar, mas permanece presa em estado degradado, dominada por plantas oportunistas, como cipós ou bambus. Em outros casos, a floresta não se recupera mais e persiste presa em estado de vegetação aberta e com incêndios recorrentes”, explica Flores.

Os cientistas acreditam na combinação de esforços locais, para acabar com o desmatamento e expandir a restauração da mata, e esforços globais, para parar a emissão de gases de efeito estufa e, assim, mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Dois garimpeiros e uma cozinheira foram assassinados na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O crime teria acontecido na sexta-feira da semana passada, mas o boletim de ocorrência só foi registrado na segunda-feira. De acordo com informações da Polícia Civil de Roraima, os garimpeiros foram atacados por indígenas armados com arco e flechas, perto das regiões de Parima e Dicão.

Os mortos foram identificados como Josafá Vaniz da Silva, 52 anos, Luiz Ferreira da Silva, 50, e Elizangela Pessoa da Silva, 43. Os três corpos ainda não foram resgatados por causa das dificuldades de acesso à região. Segundo a Polícia Civil, o Exército Brasileiro e o Corpo de Bombeiros foram acionados para auxiliar no resgate.

No governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL) houve uma explosão do garimpo ilegal. A gestão dele ficou marcada por defender a atividade ilegal e incentivar projetos que liberam a atividade de exploração dentro de reservas protegidas. A Terra Indígena (TI) Yanomami está em estado de emergência em saúde pública desde fevereiro do ano passado, quando o governo federal começou uma operação para retirar os garimpeiros da região. Entretanto, a violência na região não foi estancada.

De acordo com o Ministério da Saúde, no ano passado, foram registradas 308 mortes. O Ministério dos Povos Indígenas já admitiu que pode levar anos para o território indígena se regenerar e que a crise dos ianomâmis, possivelmente, não será solucionada neste ano.

Em janeiro, a Justiça Federal em Roraima deu prazo de 30 dias para que a União apresente um novo cronograma de ação para conter o garimpo ilegal , com multa de R$ 1 milhão por descumprimento.

Entidades que atuam na defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos indígenas criticam as ações do governo que, em um ano, ainda não se mostraram eficazes para expulsar os invasores da TI Yanomami. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA) e a Hutukara Associação Yanomami, com base em dados de um monitoramento do Greenpeace Brasil, as áreas degradadas pelo garimpo ilegal somaram 5,4 mil hectares no ano passado.

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