Relator da comissão externa da Câmara que investiga a queda da aeronave da Voepass, deputado ressalta que, além de descobrir as causas da tragédia, a intenção é buscar formas de o Brasil ter voos cada vez mais seguros
Padovani: comissão deve propor soluções para aviação mais segura
A aviação brasileira é segura, e os voos regionais são essenciais para a integração das cidades do país. É o que defende o deputado Nelson Fernando Padovani (União-PR), relator da comissão externa da Câmara que investiga a queda do avião da VoePass.
Em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, Padovani explicou que os próximos passos do colegiado serão entender as causas do acidente e propor soluções para que "o Brasil tenha, sim, a aviação mais segura da América Latina", como enfatizou aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Samanta Sallum. A seguir, os principais trechos da entrevista.
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O senhor é de Cascavel, cidade de onde partiu o avião da Voepass. Quais são as suas primeiras considerações em relação ao acidente?
Cascavel é uma cidade em que todo mundo se conhece. Foi muito triste para nós essa fatalidade com 62 pessoas, entre elas, 21 do município. Era o voo que eu utilizava de Cascavel para Guarulhos até Brasília. Não estamos, por meio da comissão, em busca de culpados, mas, sim, para achar soluções, porque a aviação brasileira já é cara, não é acessível para a classe média ou a baixa. O que queremos é achar solução para que tenhamos mais segurança, haja vista que um em cada 80 milhões vieram a óbito nos últimos 10 anos. Então é uma estatística mundial que a aviação brasileira é segura.
Diria que a aviação regional é segura?
É segura e importantíssima. Temos de fomentar investimentos em equipamentos e aeroportos para que mais empresas venham operar no Brasil. Precisamos dela. O interior do Brasil, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Mato Grosso do Sul, Paraná, interior de Santa Catarina, interior do Piauí, Maranhão, Bahia carecem muito desse tipo de aviação, porque os grandes polos do Brasil estão concentrados em Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, mas o interior do Brasil precisa dessas aeronaves que não levam uma grande quantidade de passageiros.
Qual é o plano de trabalho da comissão que está investigando o acidente?
É um trabalho dos Três Poderes. O Executivo fez sua parte quando colocou a Defesa Civil, os bombeiros, a saúde. O Judiciário vai fazer sua parte com a Defensoria Pública, com a promotoria. O Legislativo vai fazer a sua parte propondo investimentos e adequação na legislação. Por isso que convocamos, na primeira reunião, o brigadeiro Marcelo Moreno, que é do Cenipa. Está marcado para o dia 10. Carlos Eduardo Machado, diretor do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal; o delegado de PF Caio Ribeiro; chefe dos serviços de segurança aeroportuária; Roberto Alvo, que é diretor e presidente da Latam; e José Luiz Felício, presidente da Voepass. É importante porque tanto se fala da atuação da Voepass, e agora vai se ter um canal, uma oportunidade de dizer o que a empresa fazia, se defender e de se explicar tudo.
Como definiram as atividades?
Vamos fazer o calendário com a vinda dessas autoridades até dezembro. Depois disso, queremos apresentar, até fevereiro, o relatório conclusivo. Se for necessário ou oportuno, podemos jogar até março ou abril.
Avalia que os dados a serem divulgados pela FAB e pelo Cenipa vão interferir no trabalho positivamente?
Não interferem, mas, sim, se somam. Por isso, a vinda do presidente do Cenipa acontece depois da entrega do relatório, no dia 6, e o convite dele é para o dia 10. Então, a partir daí, começa a se montar esse quebra-cabeça do que houve. Foi gelo nas asas? Se foi gelo nas asas, o equipamento funcionou? Se não funcionou, o que é que tinha que ser feito? Se funcionou, por que caiu?
Existem outras condições externas ao voo, como a conexão e comunicação entre as torres de comando e a aeronave. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Um avião nunca caiu por uma causa só, são vários fatores que acabam provocando um acidente aéreo. Nesse caso, se o problema foi de frio extremo, de gelo nas asas, a gente tem de saber em que temos de investir, quais equipamentos temos de investir na aviação aérea brasileira. Sabemos que no trecho de Paraná a Porto Alegre tem um frio que vem dos Andes procurando o calor do Oceano Atlântico. Ali, tem sempre muito vento e muito frio, o que tem que ser feito para o Cindacta monitorar melhor? São essas questões. Além de investigar as causas de falta de manutenção, de excesso de trabalho, de condições da aeronave ou meteorológicas, é propor soluções e investimentos para que o Brasil tenha, sim, a aviação mais segura da América Latina.