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GDF garante vagas no mercado de trabalho para vítimas de violência e em vulnerabilidade social

Oportunidade para mulheres

Assegurar autonomiafinancei ra e dar autoestima às mulhe res são os objetivos dos acor dos de cooperação técnica do Go verno do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria da Mulher (SMDF), com nove órgãos públicos. As parcerias garantem a reserva de 4??s vagas de emprego for mais a vítimas de violência, trans, quilombolas e outras mulheres in seridas em situações de vulnerabi lidade, em empresas terceirizadas que prestam serviços às institui ções.

“A relevância dessa medida está na assistência oferecida às mulhe res vítimas de violência e em vulne rabilidade para que superem suas adversidades e conquistem uma vaga independente e digna”, afir maa secretária da Mulher, Giselle Ferreira. “Com essas parcerias, esta mos garantindo o cumprimento da legislação e assegurando os di reitos das mulheres.”

As iniciativas já beneficiaram 92 mulheres. Só este ano foram 30 mulheres contratadas por meio da ação. Esse é o caso de Maria (nome fictício), 39, que há poucos meses assumiu um cargo de vigilante na Procuradoria-Geral da República (PGR). A oportunidade veio após ela ter sido acompanhada nos equipamentos da Secretaria da Mulher. “Preenchi uma ficha de inscrição, e em pouco tempo me ofereceram esse emprego. Essa no tícia me trouxe muita felicidade e esperança”, lembra.

Para ela, retornar ao mercado de trabalho foi como virar uma pági na de um passado de medo e vio lências. A mulher chegou a ter que largar o emprego e mudar de Brasí lia com a filha para fugir do ex-companheiro. Quando retor nou à capital, só havia conseguido trabalho na informalidade. “Tive que me esconder para tentar me refazer. Passei um bom tempo den tro de casa. Tudo só mudou quan do comecei a ter acesso ao acompanhamento nos equipamentos da Secretaria da Mulher. Essa foi uma oportunidade de recomeço”, defi ne.

Mais do que proporcionar me lhores condições financeiras, o em prego deu a Maria a autoestima perdida nos últimos anos. “C h e guei a um ponto de me sentir inca paz. Tudo isso era reflexo do que eu tinha vivido. Carrego essa ferida, mas ela não medefine mais”, com plementa. Antes de assumir a fun ção, ela foi preparada pela SMDF e teve acompanhamento mensal após o início do trabalho.

Essa boa experiência é elogiada pela mulher. “Essa ajuda é muito significativa, porque ela traz enco rajamento mesmo. É um olhar pa ra a frente. Não era o meu caso, por que eu trabalhava na época, mas sabemos que muitas mulheres que hoje vivem esse quadro de violên cia por causa da dependência fi nanceira. Então essa é uma porta de saída”, garante.

Ocupação de espaços

Rafaela Delamary, 40, é outra mulher beneficiada pelo acordo. Há um ano ela trabalha como auxi liar administrativa no Superior Tri bunaldeJustiça (STJ). “Tem sido in crível. Esse é meu primeiro empre go CLT. Eu nunca tinha tido oportu nidade de trabalhar com carteira assinada, ter férias e 13º, então é uma coisa maravilhosa”, conta.

Opreconceito sempre foi uma barreira para que a mulher conse guisse um emprego formal. “Mui to nova tive que enfrentar a discri minação ea falta de emprego tam bém, porque muitas vezes o que sobra para as mulheres trans é a prostituição ou a área de beleza, masnós podemos estar em qual quer tipo de ambiente exercendo diferentes funções, como qualquer outra pessoa”, comenta.

Essa confiança foi construída por Rafaela após participar de uma ação social para a saúde de mulhe res trans na SMDF. “Foi a experiên cia que me deu um apoio de cida dania, de saúde e até psicológico. Lá tive informações dos meus direitos e descobri que poderia ir muito além, me sentir mais digna e mais humanaeporquenãoocupar os espaços públicos trabalhando e es tudando? Foi o que abriu minha mente para querer lutar e conquis tar meu espaço”, recorda. Antes de entrar no STJ, ela foi inscrita no banco de dados da pasta e convida da para fazer cursos de qualifica ção. “Foi muito bom, porque foi uma forma de preparo”, ressalta.

Como funciona

Os acordos são voltados a benefi ciar mulheres que passaram por atendimento em algum equipa mento público da SMDF, como a Casa da Mulher Brasileira e as uni dades do Núcleo de Atendimento à Família e ao AutordeViolênciaDo méstica (Nafavd), ou de outros ór gãos do GDF, como os centros espe cializados de atendimento à mu lher (Ceams).

“Temos um banco de dados só com as vítimas de violência domés tica e em vulnerabilidade social, trans, quilombolas. Quando elas são atendidas em nossos equipa mentos já é feita uma triagem, pe gamos ocurrículo e, se elas autori zarem, entram no banco de dados, para quandosurgir uma vaga elas serem comunicadas”, explica a chefe de Empregabilidade da SMDF, Lídia Alcântara.

Estão disponíveis vagas para as funções de serviços gerais, copeira, auxiliar administrativo, assistente administrativo, técnico em secre tariado e vigilante, todas em regi me CLT. O encaminhamento é feito pela SMDF, que faz uma prepara ção das candidatas antes da entre vista, além de manter um monito ramento nos quatro primeiros meses e depois anualmente.

“É muito importante a inserção dessas mulheres no mercado de trabalho, porque muitas estão sem esperança de arrumar um serviço devido ao medo. Mas tudo aconte ce em total sigilo. Todas são trata das igualmente no ambiente de trabalho. Todas estão felizes. Mui tas mandam mensagens agrade cendo, porque essa é uma porta mais acessível”, comenta Lídia.

Atualmente, os acordos estão em vigor no Senado Federal, no Su perior Tribunal de Justiça (STJ), no Tribunal de Justiça do Distrito Fe deral e Territórios (TJDFT), no Mi nistério Público do DF e Territórios (MPDFT), no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na Câ mara Legislativa, na Procurado ria-Geral da República (PGR), na Procuradoria Geral do Trabalho (PGT) e no Ministério da Gestão e Inovação (MGI) – este último o mais recente, assinado no ano pas s a d o.

Está em andamento a ampliação da iniciativa, com a assinatura de novos acordos com o Tribunal de Contas da União (TCU), a Advocacia Geral da União (AGU), o Ministério das Minas e Energia (MME), o Supe rior Tribunal Militar (STM), a Câ mara Federal e o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).

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