Investigações apontam fortes indícios de favorecimento indevido da empresa prestadora do serviço, que, mesmo com falhas, teve o contrato de R$ 300 milhões renovado
Empresários e servidores do Iges-DF são investigados por esquema propina
Empresários e agentes públicos foram alvos de uma operação coordenada pelo Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado (DRCOR/Decor) por suspeita de pagar propina a servidores do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges) para firmar contratos de fornecimento de alimentos aos pacientes das unidades de saúde.
Nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (28/8), a Polícia Civil em apoio do Ministério Público do DF cumpriu 20 mandados de busca e apreensão em endereços vinculados ao núcleo empresarial da empresa prestadora dos serviços e a servidores do Iges-DF, além da própria sede. As diligências foram feitas na capital federal, em Goiás e no Amapá.
As investigações começaram em abril de 2023, após a polícia constatar o serviço precário até então oferecido aos enfermos: falta de insumos, atrasos nas entregas e carência de equipamentos adequados à produção de alimentos, ocasionando diversos transtornos ao plano nutricional e, consequentemente, dificultando a plena recuperação dos pacientes.
De acordo com a PCDF, há fortes evidências que indicam o direcionamento contratual, favorecimento indevido da empresa prestadora do serviço, que, mesmo diante das inúmeras falhas verificadas, teve o contrato renovado e seus pedidos de aumento dos valores repassados pelo Iges-DF atendidos. Esse alinhamento entre os empresários e gestores ocorreu por recebimento de propinas.
Os suspeitos poderão responder pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, por integrar organização criminosa e lavagem de capitais. Caso condenados, podem pegar até 30 anos de prisão.
O Correio procurou o Iges-DF, mas não obteve retorno até a última atualização dessa reportagem.