No icon

Chefe do Kremlin admite que tropas ucranianas realizam incursões no lado russo da fronteira e denunc

Putin ordena “expulsar inimigos”

No 24º aniversário do naufrá gio com o submarino rus so Kursk, em que 118 ma rinheiros morreram, o pre sidente da Ucrânia, Volodymyr Ze lensky, citou o incidente para co mentar a captura da região, no oes te da Rússia, a qual deu nome à em barcação. Nos últimos dias, forças da Ucrânia capturaram 28 cidades e forçaram a fuga de 121 mil civis. “Estamos testemunhando o que parece ser o capítulo final para ele (Vladimir Putin), novamente en volvendo Kursk. É o desastre de sua guerra. (...) A Rússia trouxe a guer ra para outros; agora, ela está indo para casa”, afirmou Zelensky. No mesmo dia, o presidente da Rússia determinou ao exército de seu país que “expulse” as tropas ucranianas.

“A principal tarefa do Ministé rio da Defesa é, obviamente, expul sar o inimigo dos nossos territó rios”, declarou Putin, em uma re união transmitida pela televisão. Ele reconheceu que a tomada de cidades na parte ocidental da Rússia representa um “revés inesperado”. O ataque ucrania no é o maior de um exército es trangeiro, dentro da Rússia, desde a Segunda Guerra Mundial.

Durante reunião com Zelensky e assessores, Oleksandr Syrsky — chefe do Exército da Ucrânia — as segurou que seus soldados conti nuam “realizando operações ofen sivas na região de Kursk”. Ele anun ciou que os militares ucranianos assumiram o controle de “cerca de mil quilômetros quadrados do ter ritório da Federação Russa”. Para Zelensky, a incursão em Kursk, que começou em 5 de agosto, é uma “questão de segurança”.

Putin afirmou que ficou claro o motivo pelo qual o regime de Kiev rejeitou as propostas de Moscou para retomar as negociações de paz. “O inimigo, com a ajuda dos mestres do Ocidente, está fazendo o que eles querem, e o Ocidente es tá travando uma guerra contra nós, usando os ucranianos”, disse, se gundo a agência de notícias rus sa Tass. Para o presidente russo, o Exército de Zelensky tem o intui to de “semear a discórdia na nos sa sociedade, intimidar as pes soas, destruir a unidade e a coesão da sociedade russa”.

Alexei Smirnov, governador em exercício da região de Kursk, de clarou que a incursão da Ucrânia compreende uma área de 40km de largura e 12km de profundidade em território russo. De acordo com ele, ao menos 12 civis morreram e 121 ficaram feridos, incluindo “10 crianças”. Moradores de um distrito de Belgorod também fo ram retirados às pressas, apesar de não haver combates na área. As autoridades justificaram a de cisão pelo fato de a situação na re gião ser “alarmante”

Controle

O ucraniano Olexiy Haran, professor de política comparada da Universidade de Kyiv-Mohyla, explicou ao Correio que as ope rações militares na região russa de Kursk surpreenderam as for ças de Moscou. “Elas mostram que as tropas de Putin não con seguem controlar suas frontei ras, o que indica uma debilidade do Kremlin”, admitiu. O especia lista vê uma mudança de narra tivas durante a guerra. Segundo ele, por um longo período, a si tuação parecia ter se congelado na própria ofensiva russa.

“Sob a ótica do militarismo, não acho que Kiev esteja interessada em manter o domínio sobre esses territórios. Talvez o façam para forçar negociações. Mais cedo ou mais tarde, os ucranianos se reti rarão dessas regiões. A estratégia terá sido obrigar os russos a rea gruparem seus soldados, moven do alguns homens do front, o que vai enfraquecer a invasão da Ucrâ nia”, disse Haran.

Por meio do WhatsApp, Taras Zhovtenko — pós-doutor em segurança nacional e analis ta da Fundação para Iniciati vas Democráticas Ilko Kucheriv (em Kiev) — afirmou ao Correio que a importância da incursão ucraniana na Rússia deve ser in terpretada sob o prisma do im passe na linha de frente, no les te da Ucrânia. “A ofensiva dre na as reservas russas e as forças engajadas nos combates, na re gião de Donetsk, e torna o kit de ferramentas agressivas híbridas russas contra os seus próprios autores no Kremlin.”

Zhovtenko sublinhou que a rea ção oficial de Putin, ao anunciar uma operação contraterrorista em Kursk, coloca o Serviço Federal de Segurança Russo no comando da situação. “A caça às bruxas entre altos oficiais militares da rá uma nova reviravolta na riva lidade tradicional entre ‘as bo tas’ (os militares) e ‘as jaquetas’ (as agências de inteligência) da Rús sia. A situação está perigosamen te saindo de controle para Putin.

Comment As:

Comment (0)