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Para chanceler russo, grupo não tem poder para resolver tensões globais e conflitos como a Guerra na

Reunião chega ao fim com críticas da Rússia

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, encerrou ontem a primeira reunião de chanceleres do G20 sob presidência do Brasil. Vieira fez um breve relato sobre as discussões travadas entre quarta e quinta-feira, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. Segundo o chanceler, os países-membros e convidados "externaram suas posições sobre o papel do G20 em relação às tensões em curso".

A fala do brasileiro expôs a falta de consenso até sobre o papel do grupo de debater as guerras em curso, em especial na Faixa de Gaza e na Ucrânia —este último completa dois anos amanhã.

Essa posição foi externalizada pelo chanceler da Rússia, Serguei Lavrov. "Não creio que no G20 encontraremos soluções para os desafios e ameaças à segurança global", afirmou, segundo o discurso divulgado por Moscou. Antes do encontro, Lavrov já havia criticado o que chamou de "politização do G20" por abordar a Guerra da Ucrânia.

"A delegação russa pretende chamar atenção dos parceiros para a inaceitável politização do G20, que está planejado para se concentrar estritamente nos desafios socioeconômicos. A inclusão de questões não essenciais, incluindo a questão ucraniana, na agenda do G20 por instigação do Ocidente é destrutiva", afirmou o chefe da diplomacia de Vladimir Putin.

Como em outros encontros multilaterais, Lavrov foi o principal alvo de críticas presenciais durante os debates. De acordo com Vieira, "vários países reiteraram a condenação à Guerra da Ucrânia, como tem acontecido desde 2022". Não

houve nenhuma outra menção ao conflito no Leste Europeu no discurso do chanceler brasileiro.

Solução para a Palestina

O relato do ministro se concentrou nos debates em relação à guerra Israel-Hamas. Como esperado, Vieira não fez nenhum comentário sobre a crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv, cujo gatilho foi a fala do presidente Lula comparando a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto nazista.

O chanceler citou, porém, a preocupação de vários membros do G20 com a possibilidade de alastramento do conflito para países vizinhos. Também relatou manifestações pela libertação de reféns em poder do grupo terrorista e críticas ao deslocamento forçado de palestinos para o sul da Faixa de Gaza. Segundo Vieira, há uma "virtual unanimidade" no G20 em favor da solução de dois Estados como caminho para a paz entre israelenses e palestinos.

Prioridades

O ministro também disse que houve concordância em relação às prioridades estabelecidas pelo Brasil durante a presidência temporária do grupo: combate à fome, desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. Em relação ao último tema, Vieira disse que todos concordaram que as instituições multilaterais "precisam de reforma para se adaptarem aos desafios do mundo atual". Ele disse também ter havido consenso quanto à necessidade de reforma da ONU, principalmente do Conselho de Segurança. O desafio, porém, é a diferença entre as propostas.

 

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