Após a divulgação de denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, opositores ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usaram as redes sociais para comentar o caso. As denúncias foram confirmadas na noite desta quinta-feira (5/9) pela rede de apoio a mulheres vítimas de assédio Me Too.
Nas redes, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou uma manchete sobre as denúncias e chamou o ministro do MDHC de “taradão da Esplanada”.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) chamou o ministro de “vagabundo” e disse que a “voz aveludada não engana ninguém”. O parlamentar ainda alegou que, se a denúncia fosse contra algum aliado do governo Bolsonaro seria “ a terceira guerra mundial”.
Ex-ministra dos Direitos Humanos, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) publicou um vídeo em que pede o afastamento imediato de Almeida. “Não resta nenhuma alternativa para o governo Lula”, afirmou. E completou: “se algum outro ministro sabia e não denunciou, é conivente com o assédio”. Damares ainda declarou solidariedade à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, apontada como uma das vítimas.
Quem também pediu o afastamento do chefe do MDHC foi o senador e ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira. “Se o ministro dos Direitos Humanos continuar no cargo após assediar mulheres e até a ministra da ‘Igualdade Racial’, Lula vai decretar que em seu governo assédio é direito humano? Deve ser o assédio do bem…”.
Em declaração oficial, o ministro Silvio Almeida negou as acusações, às quais chamou que “absurdas” e “mentirosas". Segundo ele, as denúncias teriam sido feitas com objetivo de prejudicá-lo e de “apagar sua história e sua luta”.
Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.
Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.
Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.
Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.
As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram “denunciação caluniosa”. Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.
Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício.
Fonte: Correio Braziliense DF