Jornal Ceilandense
A flores duram pouco tempo, cerca de 3 a 4 dias, mas a beleza encanta os brasilienses a cada temporada De floração rápida, os ipês-brancos aliviam a paisagem árida da cidade
Wednesday, 04 Sep 2024 18:00 pm
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O Distrito Federal é caracterizado por sua arquitetura icônica e vastos espaços abertos que ganham, a partir do mês de junho, uma nova paleta de cores durante a temporada de floração dos ipês. Essas árvores, que variam do vibrante amarelo ao sóbrio roxo, são símbolo da beleza do Cerrado. Entre elas, a florada do ipê-branco (Handroanthus roseo-albus), entre setembro e dezembro, brota como joia rara, um evento aguardado e celebrado devido à rapidez do espetáculo.

Segundo o engenheiro florestal Luciano Alencar, especialista em fauna e flora, o que torna o ipê-branco tão especial em comparação a outras espécies é o curto período de sua floração. "Enquanto os outros ipês florescem por cerca de sete a nove dias, a floração desse tipo dura apenas três ou quatro dias", explica ao Correio. Para o especialista, a curta janela de tempo, no entanto, não diminui a sua majestade, mas torna o momento ainda mais precioso e aguardado. "É uma floração intensa e impactante, capaz de transformar o cenário seco e empoeirado de Brasília em um verdadeiro espetáculo natural", afirma.

Além da floração passageira, o ipê-branco compartilha com outras árvores a preferência por solos férteis. Alencar ressalta a importância dessas espécies no equilíbrio ecológico da região, em especial o branco, que atrai uma grande variedade de polinizadores, como insetos, que são essenciais para a reprodução das espécies locais.

 

 

O ipê-branco é uma árvore de médio porte, com alturas entre 7 e 16 metros, que se torna uma escolha popular no paisagismo e na arborização urbana pelo seu tamanho gerenciável. Marcada pela beleza, a espécie tem uma função ecológica importante, por fornecer abrigo e alimento para pássaros e insetos. Além de exuberante, a flor também pode ser utilizada na culinária, pois sua folha é comestível. São consumidas as pétalas, após a remoção do cálice, em receitas de refogados, empanados e saladas cruas.

Atualmente, a floração das árvores brancas e amarelas acontecem, de forma simultânea. O especialista explica que é comum ter o retardo ou adiantamento de floração dos ipês em algumas semanas. "Esse fenômeno, consequentemente, pode acarretar na floração de espécies diferentes em um mesmo período, como está ocorrendo agora em alguns pontos de Brasília", esclarece.

A floração dos ipês é um momento que mexe com o cotidiano e o imaginário afetivo dos moradores e visitantes do DF. Hilana Araújo, 26 anos, advogada, conta que fez questão de levar as irmãs gêmeas, Thalita Maria Araújo e Thalia Tereza Araújo, 24, para apreciar o espetáculo natural. "Nós viemos especificamente para ver os ipês e tirar fotos deles. É algo muito lindo, dá vontade de levar uma dessas árvores para nossa casa. Parece até um tapete imenso de algodão", comenta com alegria. Elas vieram do Maranhão e ficaram encantadas com a transformação que as árvores proporcionam na cidade. "É uma experiência única. Jamais vou me esquecer desse dia", afirma Hilana.

Depoimentos

Felipe Ferreira, 22, modelo e profissional de vendas, também se surpreendeu com a beleza da árvore. "Eu trabalho em várias áreas do Plano Piloto, e por isso acabo vendo muitos ipês, mas o branco eu nunca tinha notado tão de perto. É uma beleza que encanta, especialmente nessa época do ano, quando tudo está mais seco e cinzento", disse. A amiga, Samira Manzan, 22, auxiliar de logística, compartilha o sentimento ao admirar a espécie. "Essas árvores realmente trazem um charme especial para Brasília. Mesmo nos arredores, em áreas menos centrais, como em Santa Maria onde eu moro, os ipês dão vida ao ambiente", enfatiza.

Segundo o especialista, a presença dos ipês na capital vai além da mera estética, por representar a resiliência do Cerrado apesar das adversidades climáticas. Para Alencar, a beleza dos ipês, especialmente o branco, torna-se ainda mais significativa quando contrastada com o cenário árido e empoeirado de Brasília durante a seca. "Além da importância ecológica, atraindo polinizadores e contribuindo para a biodiversidade local, os ipês também têm um valor paisagístico inestimável. Eles não só melhoram a qualidade visual da cidade, mas também fortalecem a identidade cultural e natural do Cerrado e do Distrito Federal", explica Alencar.

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) está à frente do projeto de arborização da cidade. Segundo a instituição, a meta é arborizar todas as regiões administrativas do DF, serviço que já resultou no plantio de mais de 5,5 milhões de árvores. 

Para o ano de 2024, o objetivo é plantar 100 mil árvores. O projeto inclui uma variedade de espécies, mas os ipês ganham destaque. Cerca de 40 mil mudas da espécie serão plantadas até o fim deste ano, colorindo ainda mais as ruas e parques da capital. A plantação será intensificado a partir de outubro, pois marca a chegada do período chuvoso na capital, e deve ser concluído em dezembro.