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De olho no futuro, pesquisadores do IPEDF vão avaliar impactos ambientais dos mananciais Preservação das nascentes
Wednesday, 24 Jul 2024 18:00 pm
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Por falta de um estudo detalha do sobre os impactos do cres cimento urbano próximo às áreas de proteção de mananciais, o Instituto de Pesquisa e Estatística (IPEDF) em parceria com a Compa nhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) desenvolveu o projeto “Avaliação das Áreas de Proteção de Manancial” (APM). A pesquisa tem como foco analisar, a partir de setembro, a situação de 26 manan ciais de água potável da capital fe deral, com objetivo de preservá-los para o futuro.

Ao Jornal de Brasília, o diretor de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais (DEPAT) do IPEDF, Wer ner Vieira, explicou que a ocupa ção desordenada nas áreas próxi mas aos mananciais e às mudan ças climáticas que atingem o Dis trito Federal, ao longo dos anos, fo ram os dois fatores principais que suscitaram a ideia do projeto: “Nossa pesquisa buscará entender como está a preservação dos ma nanciais, quais impactos estão ocorrendo de fato neles, sejam pe la atividade humana com oau mento da ocupação desordenada ou outras ações, como queimadas e problemas climáticos. Quando falamos de ocupação desordena da, estamos falando de produção de esgoto não tratado ou atividade industrial que libere óleo e entre outras substâncias na água”.

Caso um desses 26 mananciais esteja sendo contaminado, a água que vem dele poderá parar em lo cais de captação e tratamento de recursos hídricos: “A liberação de esgoto não tratado ou de outras substâncias nos mananciais po demprovocar algum tipo de con sequência na água que vai ser cap tada e tratada para ser distribuída para a população do DF. Por isso, é tão importante preservar esses mananciais. Atualmente, Brasília tem uma quantidade de reserva de água suficiente, não existe um im pacto urgente para falta de água nos reservatórios, no entanto, no futuro nós não sabemos se conti nuará assim. Então, preservar os mananciais é importante para o futuro”, enfatizou Vieira.

“Quando essas substâncias po luidoras encontram-se nos ma nanciais, elas podem ir para den tro das áreas de captação de água e podem dificultar o processo de tra tamento. Se você tem muito ele mento químico na água vai exigir um tratamento mais complexo e caro. E ao longo do tempo, esse lo cal pode deixar de ser um lugar de captação de recursos hídrico”, completou o diretor do IPEDF. Com a pesquisa, legisladores e go vernantes poderão ser orientados na elaboração de políticas públicas eficientes para preservação dos mananciais.

Atualmente, o Brasília Ambien tal (Ibram), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Proteção Animal doDF(Sema) e a própria Caesb, acompanhama situação dos ma nanciais, mas conforme destacou o diretor do IPEDF, não houve ain da nenhum estudo detalhado so bre os reais impactos do cresci mento urbano nessas áreas de pro teção: “Esse será um estudo com uma abrangência e complexidade maior. Nós estamos juntando dois corpos técnicos, do IPEDF e da Caesb, para fazer um estudo mais detalhado e abrangente de todos os mananciais”, disse.

Inscrições para pesquisadores

O projeto está com inscrições abertas, até amanhã (26), para con tratação de pesquisadores bolsis tas que avaliarão os impactos nas áreas de proteção de mananciais. São ofertadas três vagas para gra duados, mestres e doutores com formação em engenharia civil, am biental, sanitária, ou áreas correla tas, com conhecimentos em hidro logia, recursos hídricos e manan ciais. Até o momento, o IPEDF já re cebeu 11 inscrições, e outras 78 es tão em andamento pelo formulá rio eletrônico.

“As inscrições estão indo muito bem.Ointeresse pela área é muito grande, tanto para os engenheiros florestais como para os biólogos. Estamos com umaperspectiva muito boa de fazer um processo se letivo refinado e de qualidade. Quem vai trabalhar conosco serão pessoas muito capacitadas, o que vai gerar resultados fantásticos. Es tamos comuma perspectiva para um número maior de inscritos, pe los que ainda faltam concluir o for mulário eletrônico”, comentou Vieira.

Apesquisa terá início em setem bro deste ano, após a escolha dos pesquisadores, e durará dez meses. Ao longo do levantamento, o IPEDF fará a produção de relatórios para entregar a Caesb, para que possam se pensar em ações em prol dos mananciais. A expectativa é que o relatório final fique pronto no iní cio do segundo semestre de 2025. “É um trabalho inédito no contex to do DF. Além disso, o edital foi concebido para que os pesquisa dores selecionados tenham liber dade de apresentar uma metodo logia de pesquisa mais inovadora e adequada para as necessidades da investigação em questão”, ex plicou o gerente de Bacias de Ma nanciais da Caesb, Henrique Cruvinel.

Mananciais

 As Áreas de Proteção de Manan cial (APM) que serão analisadas pe la pesquisa são: Capão da Onça, Brazlândia, Currais, Pedras, Conta gem, Paranoazinho, Corguinho, Mestre D’Armas, Brejinho, Quinze, Cachoeirinha, Taquari, Alagado, Catetinho, Ponte de Terra, Crispim, Olho d’Água, Fumal, Bananal, Tor to/Santa Maria, Santa Maria I, San ta Maria II, Santa Maria III, Pipiri pau, Futuro Lago São Bartolo meu – Jusante Paranoá, Futuro Lago São Bartolomeu – M o n ta n te Paranoá, e também a faixa de inundação do Lago Descoberto, incluída como APM.