Embalado por uma retórica co munista clássica, chamando o di tador Kim Jong-un de camarada, Vladimir Putin desembarcou no início da madrugada de quarta em Pyongyang. É sua primeira viagem em 24 anos à capital do obscuro regime da Coreia do Nor te. Como cartão de visitas, o presi dente ordenouo início de um exercício militar de dez dias com 40 navios e 20 aeronaves de sua Frota do Pacífico.
A viagem é descrita no Ociden te como o aprofundamento de uma relação estratégica e comer cial, na qual Kim incrementará o arranjo em que recebe tecnologia espacial e de mísseis russa, além da ocasional limusine presiden cial, em troca de munição para Putin empregar na Ucrânia.
A Coreia do Norte, rival da alia daamericanaSeul, vive o pior momento de relacionamento com o sul da península dividida pela guerra de 1950-53. Após o fra casso de uma aproximação pro movida por Donald Trump após testes de mísseis capazes de atin gir os Estados Unidos em 2017, a relação com sul-coreanos e ame ricanos é glacial.
Kim promove exercícios com suas forças capazes de empregar alguma das 50 ogivas nucleares que detém com regularidade, e testa mísseis balísticos quase to do mês. Como o ditador vive, para todos os efeitos, num sistema congelado politicamente nos anos 1950, faz todo sentido o tom adotado por Putin em sua carta ao líder, publicada na primeira página do Rodong Sinmun, o jor nal oficial do regime.
"Camarada Kim", escreveu o russo ao ditador, usando a expres são que até hoje é empregada por russos que viveram os tempos so viéticos. "A Rússia sempre apoiou e vai continuar apoiando a Repú blica Democrática Popular da Co reia e o heroico povo coreano na sua oposição a inimigo insidioso, agressivo e perigoso", disse Putin, falando dos EUA.