Conhecido pelo histórico de de sistências na política, o apresenta dor José Luiz Datena foi lançado pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB nesta quinta-feira sob ceticismo do próprio partido, o 11º ao qual se filiou, e o risco de aprofundar divisões numa legen da fragilizada em várias frentes.
"Desta vez, eu vou até o fim", pro meteu ele, que já desistiu de con correr na última hora em quatro eleições.
O lançamento, realizado em um hotel na região central da capital, reuniu figuras do tucanato que re sistiram aos abalos na sigla nos úl timos anos. O jornalista entrou no partido em abril, inicialmente pa ra ser vice de Tabata Amaral (PSB). Antes, em umintervalo de menos de um ano, passou por PDT e PSB.
Datena fez um discurso em que se disse agora mais consciente de sua responsabilidade do que das vezes anteriores em que flertou com uma candidatura, pregou o "expurgo de bandidos misturados comaadministração" e disse que fará campanha sem colete à prova de bala, mas "com peito aberto".
Ele fez críticas indiretas ao pre feito Ricardo Nunes (MDB), citan do problemas da cidade e o que chamou de infiltração do crime or ganizado, especificamente o PCC, na gestão. "Se me deixarem de cadeira de rodas, eu ganho a campa nha", afirmou, insinuando contra riedade da facção com sua candi datura.
As falas no evento definiram o lançamento como um marco do renascimento do PSDB, avesso à po larização e disposto a recuperar protagonismo. Afirmações como a de que Datena chega "para o fune ral" foram rebatidas. Ele próprio disse que falar em fragilidade é des conhecer a história do partido.
O jornalista, que apresenta o programa "Brasil Urgente", da Band, reiterou ao público e aos cor religionários que desta vez não de sistirá de se candidatar, mas a in certeza sobre a decisão do apresen tador é admitida nos bastidores do PSDB, que avalia internamente ce nários sem o pré-candidato.
Além da aliança com Tabata, de fendido por uma ala, a opção é em barcar na campanha à reeleição de Nunes, caminho que tambémestá longe de ser unanimidade entre as diferentes correntes que ocupam as direções municipal e nacional.
A equação envolve ainda o Cida dania, partido que compõe uma fe deração com o PSDB e precisa estar alinhado a qualquer um dos movi mentos.
Se fosse seguida a lógica de 2020, o PSDB apoiaria Nunes, já que ele era o vice na chapa de Bruno Covas.
Com a morte do tucano, em 2020, o emedebista assumiu a cadeira. Ele usa como estratégia o discurso de que sua gestão é de continuidade da administração Covas, mas so freu rejeição de parte dos antigos correligionários, sobretudo por sua aproximação com o ex-presi dente Jair Bolsonaro (PL).
Datena apareceu com 8? intenção de voto na pesquisa mais re cente do Datafolha, divulgada em 29 demaio, atrás de Guilherme Boulos (PSOL), que marcou 24%, e Nunes,com23%. Oapresentadorfi cou empatadocom Tabata, também preferida por 8% do eleitorado, e Pablo Marçal (PRTB), com 7%.
O pré-candidato tucano fez pia da com seu passado de recuos. "Sou o político mais vitorioso da histó ria, eu não perdi nenhuma [elei ção]", disse, rindo. "[Enxergo o] fato de pesar nos ombrosa responsabi lidade de que realmente desta vez eu não posso me furtar ao chama doda população deSãoPaulo", acrescentou.
O ato de lançamento reuniu o presidente nacional do PSDB, Mar coni Perillo, o municipal, José Aní bal, e outros tucanos como o depu tado federal Aécio Neves (MG), o prefeito de Santo André, Paulo Serra, e o ex-vereador da capital Mario Covas Neto, o Zuzinha.
Aécio foi um dos mais entusias madosna mesa, referindo-se a Da tena como alguém que "fará a po pulação de São Paulo voltar a acre ditar em um projeto político" e de fendendo que a candidatura pró pria do PSDB nacidade terá peso para influenciar os rumos do parti do nacionalmente e nos próximos anos.
"São Paulo não é Las Vegas, onde o que acontece lá fica por lá. O que acontece em São Paulo tem impor tância para o Brasil inteiro", disse o ex-presidenciável.