A pesar do mosquito da dengue ter um raio de atuação de apenas 100 metros e atingir uma altura máxima de três metros, o inseto consegue chegar nos andares mais altos dos prédios. Segundo especialistas, a ação do Aedes aegypti é possível nos apartamentos pelo fato do mosquito “pega carona” nos elevadores e bolsas dos moradores. Em outros casos, o acesso pode ser através de recipientes que contenham ovo ou larva do mosquito.
A tendência não é que o Aedes aegypti opte por lugares mais altos, mas engana-se quem pensa estar protegido da dengue por morar em apartamento. O comum é que os focos fiquem mais concentrados no térreo ou no primeiro andar, mas isso não impede o acesso do mosquito em todos os andares do condomínio, e até na cobertura.
“Mesmo não sendo muito comum que o Aedes aegypti se aglomere em locais muito alto, isso não impede que ele possa atingir esses locais. Sabemos que algumas coberturas de prédio tem muita chance de ter acúmulo de água. Então, se o mosquito conseguir chegar naquela altitude ele pode chegar a transmitir a dengue. A preferência do mosquito será sempre por locais que tenham água parada e sol, isso independente de ser alto ou baixo”, explicou ao J orn al de Brasília, Werciley Júnior, coordenador de Infectologia do Hospital Santa Lúcia.
O especialista esclareceu que o acesso mais comum do Aedes aegypti nos apartamentos acontece pelo elevador. “O mosquito consegue subir como ovo ou larva em resíduos, como flores, água ou objetos contaminados. Mas o mais comum é o mosquito pegar carona no fosso do elevador e ir galgando andares”, disse.
Para o infectologista, os moradores dos condomínios devem ficar alertas, e seguir as orientações para evitar casos de dengue. “P en s a nd o no meio coletivo, os moradores e o condomínio devem pensar sempre em combater os reservatórios. Algumas garagens nesse período chuvoso podem acumular água e todos devem ficar atentos a isso, destacou o dr. Werciley
A o Jornal de Brasília, o síndico do Condomínio Residencial Rivoli, em Águas Claras, Evandro Henrique, destacou algumas medidas que o prédio está tomando em relação a dengue: “Na área comum do condomínio, os funcionários são orientados a verificar sempre se tem acúmulo de água, em especial na área da jardinagem. Como a parte do jardim do condomínio é bem grande, a nossa orientação é que haja uma atenção redobrada”. O síndico falou ainda que o condomínio toma cuidados em relação às calhas, para evitar acúmulo de água e focos do mosquito da dengue. “Se tiver alguma possibilidade de ter focos da dengue, nós também jogamos produtos para que não ocorra a proliferação. Em relação ao cuidado individual, nós sempre fazemos campanhas educativas sobre o assunto para que os moradores também verifiquem suas plantas ou algum local com acúmulo de água que possa ser um criadouro do mosquito”, afirmou.
Mesmo com todos os cuidados em relação à dengue no condomínio, Evandro disse que cerca de 15 moradores, e até ele, contraíram a doença desde o início do ano. Segundo o síndico, a contaminação também é vista em outros condomínios que se encontram perto do Rivoli, e o número de casos pode ser explicado por causa de focos do mosquito que podem estar localizados em lotes vazios ou em obras que estão nas proximidades dos prédios residenciais. “Por causa dos lotes vazios e obras que rodeiam o condomínio fica difícil combater o mosquito. Já fizemos inúmeras reclamações através dos canais oficiais do GDF, como o Participa DF, mas nada foi feito para resolver o problema desses lotes vazios e obras que podem ser focos da dengue”, desabafou o síndico.
Em nota ao Jornal de Brasília,o Sindicondomínio DF informou que reitera sempre para que os gestores condominiais sigam integralmente as diretrizes da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) em relação ao combate à dengue. “Para a entidade sindical, o melhor combate à dengue é a prevenção, pois a proliferação do mosquito Aedes aegypti potencializa a contaminação da doença”, citou.
“É muito importante que as pessoas acometidas pela dengue evitem a todo custo serem picadas pelo mosquito vetor, pois assim, a contaminação irá diminuir muito. As pessoas contaminadas devem usar roupas que cubram a maior área possível da pele, usar repelentes, usar telas anti-mosquitos em portas e janelas das residências e usar mosquiteiros durante repouso”, completa a nota.