Em meio às turbulências com as investigações sobre um esquema de monitoramento ilegal de adversários montado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que teria perdurado até a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) passou por mais uma reestruturação da diretoria. O órgão, que é composto por oito departamentos, teve, ontem, sete diretores exonerados, com cinco desses cargos ocupados por mulheres
A Abin informou que as mudanças, com a ampliação da participação feminina, já vinham sendo estudadas desde 2023, mas o anúncio indica a pressa do governo Lula em superar a crise deflagrada com as investigações.
As apurações indicam que o então diretor-adjunto da Abin, o delegado da Polícia Federal Alessandro Moretti, teria atuado em conluio com investigados no inquérito sobre o funcionamento de uma estrutura chamada de “Abin Paralela”. Na terça-feira, Moretti foi exonerado e substituído por Marco Cepik. A dança das cadeiras continuou ontem, e mais sete diretores foram dispensados.
Com a reestruturação e cinco mulheres na direção, a agência conta com a maior participação feminina na sua estrutura desde a sua criação, em 1999. Todas as novas diretoras são oficiais de inteligências, do quadro funcional do órgão.
A medida atende a uma demanda antiga dos funcionários do órgão, que estavam descontentes com o comando da agência, desde a gestão de Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. Ele colocou todo o poder de decisão nas mãos de diretores de fora, principalmente policiais federais, como o próprio Moretti.
Com as trocas nas diretorias, é esperada, para os próximos dias, uma grande renovação na maioria dos departamentos do órgão. A intenção do governo é fazer a desbolsonarização da agência, iniciativa que ocorreu em outros órgãos, mas que ainda não tinha sido feita na Abin.
Uma fonte ligada ao governo Lula questionou: “Mas, afinal de contas, por que a Abin foi a única que ainda não passou por esse processo?”. Lembrou que, após o 8 de janeiro, boa parte das equipes de segurança, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), passou por mudanças. Mantendo a confiança do presidente Lula, o diretorgeral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, é um dos poucos que resiste e se mantém no cargo mesmo depois da crise.
Além das cinco novas diretoras, foram trocados os diretores do Departamento de Operações e do Departamento de Inteligência Interna, além do diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Segurança das Comunicações.
As cinco novas diretoras escolhidas por Lula para a Abin:
1. departamento de inteligência externa: Ana Martins Ribeiro
2. departamento de Contrainteligência: Cristina Célia Rodrigues
3. departamento de Administração e Logística: nilza Yamazaki
4. departamento de Gestão de Pessoas: isabel Gil Balue
5. escola de inteligência: Ana Cruz Pereira da Silva