Esta semana, uma jovem aprovada no concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) teve um mal súbito durante o Teste de Aptidão Física (TAF) para o ingresso na corporação e faleceu. Diante da repercussão do caso, muitas foram as dúvidas que surgiram sobre o processo de preparação adequado para os concurseiros que pretendem passar por essas avaliações.
A vítima, Gabriela Rosa Gontijo, foi submetida à avaliação no último domingo (28), quando passou mal e desmaiou. Ela foi levada ao hospital, mas faleceu na segunda-feira. Gabriela chegou a ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Daher, localizado no Lago Sul, em estado gravíssimo, mas não resistiu.
Segundo o mestre em Educação Física e bacharel em Ciências Biológicas Daniel McManus Pimentel antes do ingresso em qualquer programa de treinamento físico, é importante consultar-se com um médico, em especial um cardiologista, expressando sua necessidade de realizar o TAF "para que o especialista, então, realize os exames para atestar que você está fisicamente apto a praticar certas atividades de maneira segura". A suspeita é de que Gabriela Rosa tenha sofrido rabdomiólise, uma ruptura do tecido muscular esquelético, mas não há informações oficiais divulgadas pelo hospital.
Em nota, o Instituto AOCP, banca examinadora responsável por aplicar o TAF, lamentou o ocorrido e destacou que, conforme regra exposta no edital de abertura, para a realização dos testes físicos do concurso da PMDF, todos os candidatos foram obrigados a apresentar um atestado médico que comprovasse aptidão para realizar esforços contidos nos testes físicos previstos no edital. "A candidata Gabriela apresentou o atestado de aptidão física assinado por um médico cardiologista de Samambaia Norte, que a declarou apta para esta fase da seleção", salienta a empresa.
O instituto esclareceu também que a aplicação dos testes físicos observou as disposições contidas na Lei nº 4.949/ 2012, e que durante o período em que os candidatos aguardaram a realização das provas, eles puderam utilizar os bebedouros do local, bem como não havia qualquer restrição quanto à possibilidade de alimentação. "O local de realização da etapa respeitou todas as regras, estava em ordem com todos os equipamentos utilizados nos testes e ainda teve sua estrutura elogiada por outros candidatos", garantem.
Aos que pretendem realizar o TAF futuramente, Daniel McManus explica que, para fazer este tipo de prova, a preparação deve começar meses antes da data marcada para o exame. "Conhecer a condição atual do participante e o que será exigido dele no teste de aptidão deve ser sempre o primeiro passo para a elaboração de um plano de treinamento individualizado e o tempo necessário para sua realização dependerá desses fatores", adianta o especialista. "De maneira geral, recomenda-se que o participante inicie o seu preparo pelo menos seis meses antes da data da prova. Durante esse período, as diferentes capacidades físicas que serão abordadas no TAF, como resistência cardiovascular e força neuromuscular, devem ser praticadas de acordo com sua necessidade de desenvolvimento, de maneira específica à tarefa que será testada e gradual para prevenir lesões e permitir que o corpo se adapte ao aumento das demandas físicas", continuou o profissional.
Como enfatiza Daniel, a presença de um educador físico nesse período é essencial. "Ele deverá realizar uma anamnese e avaliação física com intuito de aferir as características e aptidões físicas do indivíduo como capacidade cardiorrespiratória, força e resistência neuromuscular e até mesmo flexibilidade, assim como possíveis limitações de saúde que podem apresentar algum risco ao participante", explica.
Para realizar a prova, o preparo deve começar no dia anterior, "interrompendo qualquer atividade extenuante e cuidando de si para garantir um desempenho ótimo e evitar qualquer desconforto ou imprevisto", destaca. "O sono é importante para todo o processo de treinamento, mas em especial na véspera para garantir que seu corpo esteja descansado e sua mente atenta. Certifique-se também de se hidratar bem no dia anterior à prova e evite ingerir grandes quantidades de líquidos imediatamente antes do teste", recomenda o profissional. Algumas horas antes também é indicado que se consuma uma refeição leve e equilibrada, evitando alimentos ricos em gordura ou fibras.
“Por último e não menos importante, escute seu corpo: ao sentir tontura, náusea ou qualquer desconforto incomum, informe imediatamente os responsáveis pela prova", acrescentou Daniel.
Mas os cuidados não param por aí. O especialista também traz algumas recomendações pós prova. "É essencial adotar práticas que promovam a recuperação adequada. Continue a se hidratar para repor os fluidos perdidos durante a atividade física, consuma uma refeição equilibrada contendo proteínas, carboidratos e gorduras saudáveis para auxiliar a restauração muscular", elucida.
"O repouso é fundamental para que essa recuperação seja mais rápida, portanto lembre-se de garantir uma boa noite de sono e evitar atividades intensas nos dias seguintes ao teste. Dito isso, esteja atento a qualquer sinal de lesão ou desconforto persistente e procure orientação de um profissional de saúde", finalizou Daniel.